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Mumford & Sons em Lisboa – Amantes da luz

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©Divulgação oficial

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Mumford & Sons em Lisboa – Amantes da luz

Os Mumford & Sons regressaram esta noite a Portugal para um Coliseu dos Recreios esgotado. O concerto foi o primeiro que a banda deu em nome próprio no nosso país, depois de ter subido ao palco do Festival Optimus Alive no ano passado. Menos de um ano depois desse concerto, que nos pareceu um ensaio geral para o que aconteceu esta noite, a banda chegou ao nosso país no ponto mais alto da sua carreira para deixou Lisboa de braços unidos no ar, entre emoção e euforia. Eles dizem que nos amam e que não dizem isso a todos. O amor foi retribuído.

Não foi preciso que os Mumford & Sons subissem ao palco para que a loucura se instalasse. Bastou o apagar das luzes que lhes anunciou a chegada. A ansiedade de um coliseu a abarrotar quase se tocava e aos primeiros acordes de «Babel», tema que dá nome ao mais recente álbum da banda, deu-se a antecipada explosão de alegria pelo momento que todos esperavam.

Um «Como estão?» em português arranhado pelo vocalista Marcus Mumford serve de mimo em formato aperitivo para «The Cave». O tema, vindo da estreia em álbum dos Mumford & Sons, é um dos seus mais bonitos e emblemáticos e se não o soubéssemos, o que aconteceu na plateia ter-nos-ia elucidado. Foi como se um colectivo «arrepio na espinha» percorresse o Coliseu, para resultar em catarse de felicidade. Essa sensação, a de felicidade em uníssono, atravessou o concerto.

Antes de «Little Lion Man», o vocalista Marcus Mumford pergunta como é que se diz «fiesta» em português, para anunciar o que vai acontecer a seguir. Perdido na tradução e nas semelhanças linguísticas, entre o país vizinho (do qual a banda tinha acabado de chegar), avança na linguagem universal da música e a palavra «fiesta» soa-nos a eufemismo para o que aconteceu a seguir. As dezenas de luzinhas que ligavam banda ao público acenderam-se e o momento foi um dos mais emotivos do concerto.

A intensidade das canções dos Mumford & Sons, entre caminhadas épicas e arranques gloriosos depois de passagens de acalmia, ajudada por um palco e iluminação perfeitos, faz com que o concerto nunca perca a intensidade. Se precisássemos de um momento que o representasse, a escolha iria provavelmente para «Lover Of The Light», um dos momentos mais fortes de «Babel», em que Marcus Mumford tomou conta da bateria, para a atacar enquanto cantava, deixando-a completamente no chão no final do tema. Em «Dust Bowl Dance» faz-se o cumprimento a quem vê o concerto ainda mais acima que os camarotes e Ben convida a que desçam para dançar. Não verificámos que alguém o tenha feito, mas a «fiesta» pedida anteriormente foi vivida em pleno durante a canção.
A alegria da audiência vai sendo retribuída com a alegria da banda. O teclista Ben Lovett diz que esta é uma das salas mais bonitas em que já tocaram e diz que é «muito importante para a banda» que estejamos todos ali, numa sala tão bonita, antes de anunciar uma música «mais calma, se não se importarem» e pede-se silêncio. Falava de «Timshell» e se os pedidos não são respeitados por todos, a música entoada pela maioria como um hino.

Entre canções, o público grita que ama a banda e o vocalista responde com uma sinceridade e elegância desarmantes: «É engraçado que digam isso, porque embora ache que vocês nos conhecem melhor que nós a vocês, acho que podemos dizer que também vos amamos. E nós não dizemos isso a todos os públicos, isso é uma coisa que a Rihanna faz. Mas vocês estão aqui todos no nosso primeiro concerto em nome próprio em Portugal e por isso podemos dizer: Também vos amamos».

Já no encore, juntam-se os músicos das primeiras partes para uma festa em família, naquela que foi a última noite das bandas de apoio na digressão, ao som da versão de «Baby don’t you do it», versão de Marvin Gaye. «Winter Winds» e «I Will Wait» fecharam o concerto com a glória que ele mereceu. De alma acordada, pois.
O concerto desta noite trouxe os Mumford & Sons já numa vida diferente da que tinham trazido ao Alive do ano passado. Desta vez trouxeram «Babel» e trouxeram-no já multi-premiado e celebrado com recordes de vendas pelo mundo e com a música da banda a espalhar-se. Em Lisboa, confirmámos que as canções da banda britânica foram feitas para ser gritadas por multidões e que não há mal nenhum nisso. Os Mumford & Sons são amantes da luz e espalham-na por quem a quer receber. Nós estamos de braços abertos.

O concerto dos Mumford & Sons em Lisboa teve direito a duas actuações de abertura. A primeira esteve a cargo de Jesse Quin, músico dos Keane, que mostrou o seu trabalho a solo. Entre suaves canções folk cantadas em voz meio rouca, o músico foi muito bem recebido por um público já em euforia. O melhor momento aconteceu ao último tema, quando um violinista se juntou ao músico para o belíssimo «Show Them All».

Se Jesse Quin foi suavidade inicial, a dupla feminina Deap Vally apanharam a maioria da audiência desprevenida com o seu rock impiedoso. Voz, guitarra bateria e pés descalços chegaram para encher o palco de electricidade. Se a voz da vocalista nos traz Janis Joplin à memória, a formação torna inevitáveis as comparações aos The White Stripes e temas como «Make My Own Money» e uma «Lies» que podia ser considerada irmã de «Fell In Love With A Girl» acentuam as semelhanças. Em palco estiveram também vários membros dos Mumford & Sons. Winston Marshall juntou-se a elas e fez o seu banjo destilar rock como nunca antes o tínhamos visto, mas também o teclista Ben Lovett e Ted Wayne, que se juntou à banda no baixo. No início, as Deap Vally falaram em português, para que não houvesse confusões e deixaram a pergunta em tom de desafio: «Estás pronto para o rock?». Quem não estava não demorou a render-se a duas mulheres que sozinhas fazem barulho por uma banda com muita gente. Fôlego para mais não lhes faltaria.

Setlist Mumford & Sons:

Babel
The Cave
Whispers in the Dark
White Blank Page
Holland Road
Timshel
Little Lion Man
Lover of the Light
Thistle & Weeds
Ghosts That We Knew
Awake My Soul
Roll Away Your Stone
Dust Bowl Dance

Encore:
Baby Don’t You Do It, com Deap Vally e Jesse Quin
Winter Winds
I Will Wait


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